ESG, na sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, ou ASG, na sigla em português, para Ambiental, Social e Governança, são um conjunto de práticas e padrões para definir se a operação de um negócio é sustentável. O objetivo é verificar como uma organização minimiza os seus impactos no meio ambiente, sendo responsável por construir um mundo mais limpo e justo.
O tema foi trazido ao 34º Encontro Técnico AESabesp (Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) e Fenasan 2023 (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) por Sonia Maria Viggiani Coutinho, advogada e docente no Instituto SIADES – Sistema de Informações Ambientais para o Desenvolvimento Sustentável, nesta quinta-feira, 5 de outubro, no Expo Center Norte, em São Paulo. Luciomar Santos Werneck, presidente da AESabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp), fez a abertura, apresentando a palestrante.
Ester Feche, diretora Socioambiental e Cultural da Associação, também esteve presente na atividade, que foi realizada no estande da AESabesp na feira.
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Em sua apresentação, Sonia fez uma retrospectiva das discussões ambientais nos últimos 50 anos. O nome ESG, que ganhou visibilidade nos últimos anos, não é novo. Ele apareceu em 2004, proveniente do mercado financeiro, por meio da publicação Pacto Global, uma parceria com o Banco Mundial. Mas muito antes disso, em 1972, um estudo mundial sobre os limites do crescimento passou a pautar os debates sobre o desenvolvimento econômico, baseado no respeito ao meio ambiente. Desde então, o tema e os conceitos evoluíram, e os debates e os pactos feitos em eventos mundiais, como a Rio 92 e o Protocolo de Kyoto, por exemplo, levaram ao entendimento atual sobre ESG.
“Entidades, públicas ou privadas, têm compromissos com a sociedade que vão além do cumprimento de suas obrigações legais. Um negócio deve ser avaliado também pelos fatores ESG e não só pelos critérios e indicadores usuais do mercado, como rentabilidade, competitividade, solidez, níveis de endividamento, entre outros”, explicou Sonia.
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Toda atividade humana tem impacto ambiental e social. O que uma empresa precisa para começar a se alinhar aos princípios ESG é, em primeiro lugar, conhecer sua cadeia de valor e os impactos da sua atividade. É preciso identificar se são impactos reais ou potenciais, negativos ou positivos, de curto ou de longo prazo, intencionais ou não, de pequena ou grande escala, reversíveis ou irreversíveis. E agir para mitigar os impactos negativos.
Como exemplo de um impacto irreversível, Sonia citou o acidente de Brumadinho/MG, onde o ambiente jamais voltará a ser o mesmo, a atividade econômica foi destruída e vidas se perderam. “Mais importante do que levantar os impactos é saber o que vai se fazer com eles”, alerta. Para a advogada, é preciso entender o contexto de sustentabilidade das atividades da organização e de suas relações de negócios, pois o conceito se estende aos stakeholders.
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A palestrante apresentou ainda as oportunidades e os desafios do ESG para o setor de saneamento. “As empresas de saneamento, pela própria atividade, são as que mais contribuem socialmente. Mas também têm impactos negativos, como toda a ação humana”, pontua Sonia. Segundo ela, o ESG é uma oportunidade para as empresas do setor se diferenciarem, por meio da promoção de um ambiente inovador, com maior diversidade. “O ESG aumenta o valor intangível de uma empresa”, afirma. As oportunidades e desafios do ESG no setor de Saneamento incluem geração de receita, dedução de custos, desenvolvimento do capital humano e social, mitigação de riscos, atendimento antecipado às demandas legais e regulatórias e melhoria de reputação e imagem.
Para Sonia, a palestra foi muito útil para o público de saneamento. “O setor de saneamento, em si, carrega com ele muitos benefícios para a sociedade. Ele tem grande aderência com os princípios ESG. É inerente à atividade de saneamento gerar impactos positivos para a sociedade”, analisa. A palestrante explica também que o setor está muito próximo às ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e são empresas com muita conexão com a sustentabilidade. “Mas também têm que olhar para os impactos negativos que têm relação com sua cadeia de valor, com o consumo de energia e com o tipo de fonte utilizada. Muitas empresas estão saindo na dianteira e outras podem também seguir esse caminho”, concluiu.
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Promovido pela Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp, com co-coordenação da Associação dos Especialistas em Saneamento – AESAN, esta edição do 34º Encontro Técnico/Fenasan 2023 aconteceu de 3 a 5 de outubro e teve como tema central “Saneamento Ambiental na Globalização do Desenvolvimento Sustentável”.
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