Nesta quinta-feira, 15 de setembro, foi discutido os necessários cuidados com a gestão de ativos na área de saneamento básico na mesa redonda com o tema ‘Os riscos de sucateamento de infraestrutura e a engenharia nacional’, no último dia do 33º Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2022, o maior evento de saneamento da América Latina. Realizada pela Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp, esta edição aconteceu presencialmente, no Expo Center Norte/SP, e online.
Participaram da mesa como palestrantes Paulo Ferreira, presidente do Instituto de Engenharia, e Tico Monteiro, consultor líder no projeto de Cultura e Liderança na Gestão de Ativos na Sabesp. A moderação ficou por conta de Osvaldo Garcia, diretor Econômico-Financeiro e de Relações com Investidores e de Gestão Corporativa da Sabesp, e a coordenação foi de Viviana Borges, presidente do Conselho Deliberativo da AESabesp.
No início do debate, Osvaldo Garcia pontuou um dado importante que diz muito sobre o contexto atual do saneamento do país. “Quando pensamos no setor de saneamento, há uma carência muito grande. São 36 milhões de pessoas sem acesso à água tratada e 97 milhões sem acesso a serviços de coleta e tratamento de esgoto”, informou. Ele também afirmou que a prioridade é fornecer serviços àqueles que ainda não possuem esses acessos.
A dificuldade de manutenção em infraestruturas subterrâneas foi citada por Paulo Ferreira, que frisou a importância de projetos bem elaborados e feitos com excelência, no sentido de evitar rompimentos e outros acidentes. Para exemplificar, Ferreira citou a represa Guarapiranga, onde ocorreu um rompimento. “Esse foi um desastre enorme. Naquela época, ali passavam de 10 a 12 metros cúbicos por segundo. Foi um desespero para remanejar. Demorou 8 meses para ser refeito”, contou. Segundo ele, isso aconteceu por conta de uma negligência no momento de planejamento da obra. Por fim, afirmou que a gestão de ativos é fundamental para as organizações, negócios e comunidades e que o “ativo humano”, é o mais importante.
O desafio da gestão e liderança em ativos foi abordado por Tico Monteiro. Na ocasião, ele pontuou a seguinte questão: “universalizar ou substituir ativos no final da vida útil? Respondendo à questão, explicou que a lei do saneamento diz para fazer os dois. “Temos que garantir metas de universalização de atendimento de 99% de água potável e 90% de coleta e tratamento de esgoto, mas também atingir metas quantitativas de não intermitência. Ou seja, disponibilidade, abastecimento, redução de perdas e melhoria nos processos de tratamento”, esclareceu. Tico reforçou ainda que a lei determina universalização e obtenção de excelência operacional dos ativos existentes.
Para obter melhor desempenho operacional, de acordo com o especialista, é necessária a utilização de ferramentas, mas, mais do que isso, a tomada de decisões colaborativas, o consenso de lideranças, a visão integrada, a discussão de riscos e a garantia do bom funcionamento de ativos durante o período contratado. “A gestão de ativos entrega resultados. Se atraso uma obra, impacto na receita operacional prevista. Se faço as escolhas erradas de equipamentos e componentes, impacto no custo total”, concluiu Tico, ressaltando a importância da gestão de ativos no campo do saneamento.
33º Encontro Técnico/Fenasan 2022
Com o tema “Saneamento: prioridade para a vida”, o evento promovido pela Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp, teve 12 mesas redondas e 8 painéis de discussão, com participação de grandes especialistas do setor. Nos três dias do evento (13, 14 e 15 de setembro), mais de 100 especialistas apresentaram cases, trabalhos técnicos e novidades para o setor.
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