Com auditório lotado, especialistas do setor discutiram métodos inovadores visando à redução de perdas nos sistemas de abastecimento público durante no 34º Encontro Técnico AESabesp (Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) e Fenasan 2023 (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), nesta quarta-feira, 4 de outubro.
O maior evento de saneamento e meio ambiente da América Latina é uma realização da Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp e acontece até esta quinta (5), no Expo Center Norte, em São Paulo, com o
tema central “Saneamento Ambiental na Globalização do Desenvolvimento Sustentável” norteando as discussões desta edição.
Moderado por Roberval Tavares de Souza, diretor de Operação e Manutenção da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), a mesa contou com participação de Paulo Massato, consultor especialista em saneamento; Gabriel Martins Buim, diretor-executivo da Águas Guariroba, de Campo Grande/MS (AEGEA Saneamento); e Victor Arroyo, diretor para a América Latina da Isle.
Paulo Massato apresentou uma retrospectiva de como a tecnologia e os diagnósticos de perdas foram evoluindo nas últimas décadas na Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). “O que hoje é óbvio, há 33 anos ainda era uma novidade que estava sendo implantada”, disse.
O especialista frisou que a Sabesp, como empresa pública, possibilitou um grande aprendizado na experimentação e aplicação de novas tecnologias para reduzir perdas. Desde o método rudimentar de preencher planilhas em pranchetas, até alcançar a tecnologia aplicada hoje, com modernos hidrômetros e tecnologias que detectam perdas na rede por meio de algoritmos, houve um grande ganho.
“Contudo, ainda perdemos uma represa Guarapiranga cheia por ano em São Paulo, seja por furtos ou por problemas do sistema”, destacou. “O Japão levou 50 anos para chegar a 3 a 5% de perdas”, disse. Há muito ainda a ser feito. “É preciso estar preparado e criar resiliência para o aquecimento global”, concluiu Massato.
Gabriel Martins Buim apresentou o case da cidade de Campo Grande, a concessão mais antiga da Aegea. A concessionária implantou diversos processos e tecnologias, conseguindo resultados consistentes na redução de perdas nos últimos anos. “Saímos de 56% para 19% de perdas, mas o processo é como andar de bicicleta. Não pode parar de pedalar, ou as perdas voltam”, explicou.
Victor Arroyo apresentou um trabalho realizado para uma entidade do governo do Reino Unido.
Foram identificadas 280 tecnologias disponíveis para a gestão de perdas, desde localizar, prevenir e reparar. Arroyo demonstrou que há uma disparidade nos diversos países analisados no que se refere a produção de conhecimento científico (pesquisas) versus o efetivo desenvolvimento de tecnologias aplicáveis no mercado.
A China, por exemplo, tem uma grande produção científica, mas praticamente não tem tecnologias desenvolvidas, enquanto nos Estados Unidos o desenvolvimento tecnológico acompanha de perto a produção acadêmica. O Brasil aparece no estudo com pouca produção em ambos os aspectos.
Com relação às tecnologias disponíveis, Arroyo destaca que é preciso encontrar o melhor mix de tecnologias para uma determinada companhia, a partir do que está disponível no mercado brasileiro.
Para o moderador do debate, Roberval Tavares de Souza, o debate foi importantíssimo para falar sobre redução de perdas. “Foi importante ter a visão da Aegea, como empresa privada, ter a visão de um especialista em tecnologia da Isle, e ter a visão de um consultor técnico que trabalhou por muito tempo na Sabesp, o Massato, falando um pouco das tecnologias implantadas na Sabesp ao longo dos anos. Tivemos várias perguntas em um contexto em que o futuro vai nos dizer como as mudanças climáticas podem interferir inclusive na condução dos programas de redução de perdas no Brasil”, analisou.
Para Tavares, o debate gerou um aprendizado que outras empresas do setor, presentes ao debate, poderão implantar. “Os palestrantes demonstraram profundo conhecimento e houve uma troca de experiências com o público, o que deixou a sensação de que podemos ter melhorias implantadas no futuro”, concluiu.
Gabriel Martins Buim comenta o debate técnico. “Ter na mesa representantes de diferentes realidades é ainda mais contributivo. Com a nossa visão como empresa privada, outra pública, e um terceiro fornecendo tecnologia, deu para abrir o leque e ver o que cada tipo de empresa faz. E falar com gente que entende de perdas torna o tema gostoso de se falar, e torna agradável a conversa. Entendo que houve uma grande contribuição para que possamos pegar parte da tecnologia aplicada hoje aqui para aplicar em outros locais. Conversar com a Sabesp e com a Cesan, aqui presentes, por exemplo, e fazer um hub de tecnologia com as concessionárias e daí para a frente melhorarmos cada vez mais os índices de perdas no país”, avaliou.
Segundo o palestrante, o debate foi muito útil para as demais empresas de saneamento presentes no debate, que saíram com ideias de tecnologias para implantação em suas companhias. “Várias até já vieram fazer contato e pedir para fazer visita. O debate foi muito produtivo nesse ponto para o setor”, explicou.
A mesa foi coordenada por três especialistas da AESabesp (Associação dos Engenheiros da Sabesp): Pierre Siqueira, coordenador de Inovação, Hilton Alexandre de Oliveira e Nilzo Rene Fumes, membros do Conselho Deliberativo da Associação. Nilzo abriu e fechou o debate.
O maior evento de saneamento e meio ambiente da América Latina: 34º Encontro Técnico/Fenasan 2023 é uma realização da Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp e termina nesta quinta (5), no Expo Center Norte, em São Paulo.
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