Novas tecnologias e capacitação profissional no âmbito da inovação aprimoraram eficiência e sustentabilidade no setor.
Para abordar como as tecnologias digitais, incluindo IoT (a Internet das coisas), análise de dados e inteligência artificial, entre outras tecnologias, estão sendo aplicadas para aprimorar a eficiência e sustentabilidade no setor de saneamento ambiental, a programação do 34ª edição do Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2023 (Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente e Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente), contou nesta terça-feira, 3 de outubro, com a realização da mesa redonda “Transformação digital na busca da eficiência e sustentabilidade no setor de saneamento ambiental”.
O maior evento de saneamento ambiental da América Latina é uma realização da Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp e acontece até esta quinta (5), no Expo Center Norte/SP.
O encontro teve coordenação de Nilton Gomes Moraes e Pierre Ribeiro de Siqueira (ambos da Associação dos Especialistas em Saneamento – AESAN), e dos membros do Conselho Deliberativo da AESabesp, Hilton Alexandre de Oliveira, MSc e Nilzo Renê Fumes. A mediação foi de Nivaldo Rodrigues da Costa Junior, superintendente de Desenvolvimento Operacional da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Os palestrantes convidados foram Daniel Rodrigues, sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, Murillo Borges, diretor de Smart Water e Inovação da Iguá Saneamento, e Rafael Costa Strauch, chefe de Gabinete na Sabesp.
“Hoje, na solenidade de abertura, já tivemos uma mostra da influência da tecnologia para desenvolver os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável dentro do saneamento. Por isso, nesta mesa redonda, estamos abordando os desafios, bem como cases de sucesso para a transformação digital no setor e outras cadeias que estão ligadas a ela. Hoje, quem utiliza o saneamento também é o mesmo que utiliza plataformas de streaming, plataformas de mobilidade, alimentos, então, estamos falando de tecnologias que permeiam não só o setor de saneamento, mas também diversas outras áreas que atendem a comunidade. Além disso, as apresentações exploraram questões que envolvem éticas regulatórias relevantes para uso da tecnologia no saneamento ambiental e suas ferramentas, como o georreferenciamento, atendimento a clientes, chatbots e outras ferramentas de automação de processo e ferramentas digitais”, destacou Morais.
Nivaldo da Costa Junior, ao conduzir o início das apresentações, ressaltou que a proposta do tema é enriquecer o conhecimento dos participantes com uma troca atualizada de informações e experiências. “Nós, que estamos no saneamento ambiental já há algum tempo, sabemos que a transformação digital é muito importante. Temos acompanhado muitas evoluções no setor e nas pessoas, produzidas pela necessidade de capacitação para atuar com essas tecnologias, e também acompanhamos a evolução digital, passando por algumas revoluções, por exemplo, hoje conseguimos monitorar digitalmente os pontos críticos, fazer a medição online dos próprios clientes. Portanto, os especialistas convidados neste painel trazem um pouco mais que a evolução, ou seja, apresentam a transformação na prática, como vem ocorrendo em outros setores da economia, o saneamento também precisa da tecnologia, pois temos metas muito arrojadas, desafiadoras e o saneamento, como vetor do desenvolvimento de qualquer país, também precisa desse arrojo e interação entre todas as tecnologias e, principalmente, da transformação digital para que possamos chegar aos nossos objetivos, à universalização dos serviços de saneamento”, observou.
A palestra de Daniel Rodrigues destacou o conceito da “Inovação como fator de competitividade para empresas do setor de saneamento”, através de um panorama sobre a sua atuação neste setor com foco nos clientes finais e a visão estratégica da inovação para os negócios da organização. “Inovação é um processo e pode ser efetuada por diversos tipos de profissionais, saindo um pouco da visão de que ela só pode ser aplicada por quem atua em P&D, ou por engenheiros especialistas. Isso é um mito e sabemos que todos são capazes de inovar, todos podem usar sua criatividade para melhorar seus processos, departamentos, suas áreas. A inovação traz o paradigma da abundância e existe em diversas dimensões de uma empresa”, comentou Rodrigues.
O especialista destacou pontos-chave que uma empresa inovadora precisa, como: liderança, estrutura, energia e competências, explicando a lógica de cada item os reflexos que podem trazer na estratégia corporativa das empresas, bem como as tendências sociais e comportamentais, as melhorias de produtos/serviços e como colocar a inovação na gestão dos negócios e qual valor isso vai gerar. “A inovação traz impactos para o nosso negócio, o que influi em pensar como vamos agir hoje para entender e atender as novas tendências de consumo já que as tecnologias estão cada vez mais impactando toda a cadeia de valor, com as ferramentas de blockchain, impressão 3D, realidade aumentada, Internet das Coisas, inteligência artificial, drones, robôs, então precisamos saber quais são essas novas tecnologias, como podemos implementá-las em nosso negócio e o mais importante, quais são os valores que vão gerar no processo da empresa e para o seu consumidor”, frisou Daniel, entre diversos pontos elencados no âmbito da transformação digital.
O especialista discorreu ainda sobre a importância de considerar a inovação aberta, promovendo mais interação com as startups, e aproveitando tudo o que o Sistema Nacional de Inovação disponível no Brasil oferece para quem quer inovar.
Para compartilhar as experiências da Iguá Saneamento, Murilo Borges, apresentou o propósito da companhia na busca da transformação digital e seus desafios. “Digitalizar não é escolha no saneamento. O novo Marco Legal empurra as empresas para esse caminho. É impossível cumprir as metas sem tecnologia. Para chegar nesse patamar temos que inovar e mudar a realidade”, pontuou o especialista, apresentando na sequência os 5 pilares do Smart Water da Iguá Saneamento, que é composto por Inteligência Operacional, Gestão Operacional, Medição e controle, Infraestrutura física e Customer Experience.
O executivo destacou ainda o recurso da Gestão Operacional TOA/OFS, o software de gestão de serviços de campo utilizado na Iguá, que proporciona 100% dos controles da programação dos serviços e registra, entre as atividades externas e internas, mais de 915 tipos de atividades internas por dia. “O uso do sistema nos seis primeiros meses resultou em 38% de aumento de produtividade, reduzindo deslocamentos desnecessários e emissões de GEE. Em agosto, por exemplo, implantamos o despacho completamente automatizado, utilizando IA”, completou Borges. Entre os vários avanços trazidos com a inovação, ele destacou o Digi Iguá e o sistema Customer Experience: Visão 360 Salesforce, ressaltando a importância atual da geração de dados e valorização da equipe de TI.
Para finalizar as apresentações, Rafael Strauch mostrou como a Sabesp tem trabalhado a transformação digital, atrelando as iniciativas ao conceito ESG e ao compromisso da sua presidência. “A transformação digital é fruto dos desafios que foram trazidos com a covid-19 e os impactos que essa mudança de hábitos provocou em nossas vidas, trazendo uma série de serviços e produtos que estão em nossas mãos através dos aplicativos”, informou Strauch, que apresentou a cultura Data Driven da Sabesp, explicando que a companhia fez uma redistribuição para atender os objetivos da transformação digital em curto, médio e longo prazos.
A mesa redonda foi encerrada com sessão de debates e perguntas abertas ao público, que bateu recorde de inscrições, lotando o auditório Cantareira 5 nesta 34ª edição do Encontro Técnico AESabesp/Fenasan 2023.
O evento vai até quinta-feira (05/10). Para saber mais sobre a programação, acesse fenasan.com.br.