Uso racional da água na agricultura é debatido em mesa do segundo dia

Durante o debate moderado pelo especialista em saneamento, Paulo Massato, nesta quarta (14), especialistas apontaram iniciativas de sucesso e cenários para utilização consciente dos recursos hídricos na área rural.

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Embora o Brasil tenha amaior reserva de água do mundo, há regiões no país onde já há conflito histórico pela escassez hídrica per capita, como é o caso da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). Sendo a agricultura um setor que é grande usuário de água, é importante conhecer e incentivar o desenvolvimento de tecnologias que assegurem seu uso racional da água. Este tema foi destaque de uma das mesas redondas desta quarta-feira, 14 de setembro, segundo dia do 33º Encontro Técnico AESabesp e Fenasan 2022, o maior evento do saneamento ambiental da América Latina.

Coordenado por Viviana Borges, presidente do Conselho Deliberativo da AESabesp, e Sonia Maria Nogueira e Silva, consultora do Uso Racional da Água, instrutora, educadora ambiental e membro do Comitê ESG AESabesp, a mesa redonda teve moderação do especialista em saneamento, Paulo Massato. Luís Henrique Bassoi, pesquisador da Embrapa Instrumentação, Antoniane Arantes, assistente de coordenador da CATI/SAA-SP, e Sérgio Ayrimoraes, especialista da ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, completaram a mesa.

Bassoi abriu a apresentação elogiando a discussão do tema durante o 33º Encontro Técnico AESabesp/Fenasan/2022. “É sempre importante atingir outros públicos para um melhor esclarecimento sobre esse assunto”, comentou. Em uma apresentação com ênfase na agricultura irrigada, Bassoi explicou como o manejo funciona, abordando critérios, as tecnologias utilizadas e a complexidade do trabalho. Para ele, existe conhecimento e tecnologia, bem como difusão de informações para a realização do manejo, mas é preciso ampliar o uso dos critérios. “Conhecer os estágios mais suscetíveis ao déficit hídrico permite que o uso racional da água seja mais bem direcionado. Para isso, o nível do técnico irrigante é primordial para o sucesso do manejo e o conhecimento pode ser aprimorado ao longo dos anos”, avaliou o pesquisador.

Ayrimoraes abordou a diversidade da segurança hídrica no país e a competição de uso da água nas diferentes regiões. “Precisamos de ações para que não haja conflito, sejam ações de manejo, sejam de infraestrutura. É uma relação entre oferta e demanda. Cada setor tem sua necessidade e é importante ter também a visão das bacias hidrográficas para administrar os diferentes usos”. Segundo ele, as projeções até 2040 apontam um crescimento da área irrigada em mais de 76%, mas com aumento de 66% do uso da água. “Isso responde à pergunta desta mesa. Como temos um uso racional e eficiente da água pelo setor, o uso não crescerá na mesma proporção da área irriga da, porque o uso é cada vez mais eficiente”. Para melhorar ainda mais os números, ele menciona a gestão. “Sem boa gestão, sem um trabalho conjunto em uma política de ganha-ganha, vamos viver com cenários de insegurança hídrica. É importante trabalhar juntos. O setor de saneamento das cidades precisa entender que são fontes compartilhadas com agricultura. E o setor de agricultura precisa entender a importância do protagonismo. Se eu retiro muita água do sistema, então preciso usá-la com eficiência”, apontou o especialista.

Para Arantes, existe um esforço do setor agropecuário para o uso racional e os números mostram isso. “O setor agro não é vilão. Produzimos alimentos e estamos preocupados com as mudanças climáticas. Temos que ser parceiros, vistos como solução para que a gestão inteligente da água ocorra”. Ele defendeu apoio e envolvimento dos gestores públicos para o avanço dos índices. “O produtor rural precisa ser visto como um grande elo para que a sustentabilidade aconteça mas, para isso, precisa do apoio do setor público, porque é custoso. Usar a água de forma inteligente é bom, mas é custoso. Portanto, o produtor rural precisa ser ajudado a alcançar esse objetivo. Quase 98% da água absorvida pela planta é evapotranspirada, 02% é consumida na fotossíntese e só 1,8% é retida. O restante volta para o ciclo. Somos parceiros na conservação dos recursos hídricos. Ela é utilizada, não consumida”, ponderou.

Ao final do encontro, Massato elogiou o debate e fez projeções para o futuro. “Nossos três convidados apontam o caminho do uso consciente. O Brasil pós-pandemia está mudando, com uma parcela da população voltando para a área rural. O fator que eu deixaria para reflexão é que nós começamos o programa de uso racional da água em 1997, nas escolas. É um processo lento. Saiu de um consumo de 19m³/mês por residência para 12m³/mês. É preciso levar isso para a zona rural também, falar do não desperdício e desenvolver novas tecnologias para uso e, principalmente, de reúso, seja na parte urbana, seja na rural. O setor canavieiro, que mudou a forma de uso, é um bom exemplo. Outra preocupação é o meio ambiente. Como vamos preservar e ampliar as nascentes? Quem está atuando no saneamento deve se preocupar também, porque são ações complementares. Queremos deixar um futuro melhor para nossos filhos e netos e, para isso, temos que correr atrás para tentar melhorar esse mundo”, finalizou o consultor.

33º Encontro Técnico/Fenasan 2022

Promovida pela Associação dos Engenheiros da Sabesp – AESabesp, esta edição tem como tema “Saneamento: prioridade para a vida” e acontece presencialmente no Pavilhão Branco do Expo Center Norte, em São Paulo, com transmissão online pela plataforma digital do evento até esta quinta (15).

Para conhecer a programação completa e outras informações, acesse aqui

35º Encontro Técnico AESabesp / Fenasan 2024

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