São Paulo se tornou, a partir desta terça-feira (21 de outubro), o epicentro do debate sobre saneamento ambiental, com a abertura do 36º Encontro Técnico AESabesp (Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente) e da Fenasan 2025 (Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente). O evento, que se estende até 23 de outubro no Expo Center Norte, é promovido pela Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESabesp), em parceria com a Associação dos Especialistas em Saneamento (AESAN), e já se consolida como o maior e mais importante hub de negócios e conhecimento do setor nas Américas.
Com o tema central “Saneamento e Inovação: pilares para um futuro resiliente e sustentável”, a solenidade de abertura contou com as presenças de Agostinho Geraldes, presidente da AESabesp; Carlos Piani, presidente da Sabesp; Marcos Monteiro, secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo (representando o prefeito Ricardo Nunes); Thiago Mesquita Nunes, diretor-presidente da Arsesp; e Verônica Sánchez da Cruz Rios, diretora-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA. Todos sublinharam a missão do evento: acelerar a universalização e integrar o saneamento à agenda de sustentabilidade e resiliência climática do país.
A Fenasan 2025 já bateu seu próprio recorde, com 400 expositores nacionais e internacionais, ocupando mais de 31 mil m², e com a expectativa de receber mais de 30 mil visitantes. Paralelamente, o Encontro Técnico oferece uma vasta programação com 11 painéis e 12 mesas-redondas, abordando temas que vão desde saúde pública e recursos hídricos até mudanças climáticas – incluindo o lançamento de um importante relatório de diretrizes do setor para a COP30.
O engenheiro Agostinho Geraldes, presidente da AESabesp, deu as boas-vindas destacando o crescimento e a dimensão do evento, que refletem a própria história da associação.“Desejamos a todos um excelente Encontro Técnico e Fenasan, ressaltando o orgulho imenso deste trabalho até aqui e poder oferecer este momento para todos nós nestes três dias”, iniciou.
Geraldes relembrou a fundação da associação há 39 anos, afirmando que a AESabesp já nasceu sustentável e inovadora. “Desde o princípio, nossa missão foi compartilhar conhecimento do mais alto nível e tecnologias do setor, sempre alinhados às questões e preocupações contemporâneas”, destacou.
Ele contextualizou o cenário atual, no qual, apesar dos avanços tecnológicos, o mundo enfrenta os impactos das mudanças climáticas.“No Brasil, vivenciamos os desafios rumo à universalização, mas também muitas transformações e oportunidades para empresas e profissionais”, completou.
O presidente da AESabesp reforçou o alinhamento da entidade com os princípios de ESG e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, citando especialmente o engajamento com os ODS 6 (Água potável e saneamento), ODS 3 (Saúde e bem-estar) e ODS 4 (Educação de qualidade), por meio de iniciativas como o Museu Água.
“O tema desta edição, ‘Saneamento e Inovação: pilares para um futuro resiliente e sustentável’, é de suma importância para este momento – e estamos fazendo jus a ele”, enfatizou.
Geraldes destacou a riqueza da programação técnica, que inclui debates sobre os desafios da universalização, cinco anos após o Marco Legal do Saneamento, e o Encontro das Universidades, com discussões internacionais – como o caso de reúso de água para consumo humano da Universidade da Carolina do Norte.

No âmbito da feira, ele celebrou o recorde de expositores e apresentou as novidades: a Arena Fórum AESabesp, os Jogos do Saneamento (com o Quiz Universitário) e as atividades sociais no estande da AESabesp, abordando diversidade, etarismo e a atuação das catadoras.
Um dos pontos altos foi o protagonismo do saneamento na agenda climática:
“A COP30 ganha um espaço especial em nosso evento. Teremos a apresentação, em parceria com a Aesbe, de um relatório de diretrizes para que nosso setor enfrente os impactos da mudança climática, colocando-se como prioridade na agenda ambiental do país”, revelou.
Ele ressaltou ainda que a AESabesp e o Museu Água estarão na Blue Zone da COP30, integrando a delegação brasileira.
Por fim, mencionou o lançamento da TV Água e Saneamento, que chega para “consolidar a AESabesp como a organização do setor que mais investe esforços em comunicação”, ampliando o diálogo com a sociedade.
“Desejamos que, ao final destes três dias, todos voltem para casa com a energia renovada, o conhecimento e as relações humanas ampliados – e plenos de novas ideias para esta tarefa tão nobre que temos como sanitaristas.”
Inovação como “dever” e o desafio da universalização

Na sequência, o presidente da Sabesp, Carlos Piani, cumprimentou os organizadores e ressaltou a relevância do tema: “O tema deste ano, abordando o saneamento e a inovação como pilares para um futuro resiliente e sustentável, não poderia ser mais oportuno. Porque, se queremos resultados diferentes, não podemos continuar fazendo as mesmas coisas”, declarou, citando Einstein.
Piani detalhou o déficit brasileiro, com milhões de pessoas sem acesso à água e esgoto, e a disparidade nos investimentos: “Universalizar exige algo maior do que dinheiro e capital. Exige mudança de mentalidade. A urgência é a nossa guerra, e a inovação é o nosso dever. Precisamos fazer mais rápido, mais barato e melhor.”
O presidente da Sabesp destacou que a inovação vai além da tecnologia, englobando novos modelos de contrato e o olhar social para conectar comunidades vulneráveis e rurais.“Por isso, esta feira tem um papel essencial: aproximar o pesquisador, o projetista, o financiador, o fornecedor, o operador e o regulador. Parabéns a todos!”, finalizou.
Regulação e investimentos

O diretor-presidente da Arsesp, Thiago Mesquita Nunes, classificou o evento como “o mais importante do setor de saneamento no país” e destacou a responsabilidade de regular a Sabesp – a terceira maior empresa do setor no mundo —, bem como o ambicioso plano de investimentos para alcançar a universalização. “O saneamento precisa ser visto não como um custo, mas como um investimento – um investimento em saúde, em dignidade humana, em qualidade de vida”, frisou.

A diretora-presidente da ANA, Verônica Sánchez da Cruz Rios, focou no aprimoramento da regulação no Brasil. Mencionou as 109 agências reguladoras existentes e o papel da ANA em estabelecer parâmetros para atrair investimentos e cumprir as metas de universalização. “Considero que a Fenasan é uma oportunidade significativa para que todos apresentem e mostrem a capacidade que o Brasil tem de prover esses serviços com qualidade.” Ela reforçou que a meta de universalização é para todos: “Não é apenas a área urbana, não é apenas aquele núcleo atendido tradicionalmente pelas operadoras, mas realmente chegar e atender a todos.”

Representando o prefeito Ricardo Nunes, o secretário Marcos Monteiro enfatizou a importância do trabalho conjunto entre a Sabesp e a Prefeitura de São Paulo na gestão dos quatro pilares do saneamento: água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem.“O trabalho conjunto das associações, das entidades e dos órgãos governamentais é o que o país precisa para entregar principalmente às pessoas mais vulneráveis serviços de qualidade e eficiência, levando o saneamento a todos”, concluiu.
A solenidade foi encerrada com o desenlace da fita inaugural pelas autoridades presentes, bem como pelo presidente da Funasa, Alexandre Motta, e pelas diretoras da AESabesp, Viviana Borges e Maria Aparecida Silva de Paula, simbolizando o início oficial do 36º Encontro Técnico e da Fenasan 2025.
O evento segue até quinta-feira (23), com uma vasta agenda de debates, inovações tecnológicas e oportunidades de networking para toda a cadeia produtiva do saneamento.


