O primeiro dia do 2º Encontro das Universidades, nesta quarta-feira, 22 de outubro, foi palco para abordar o tema “Reúso Urbano e Circularidade nos sistemas de Água e Saneamento: Referências comparativas e desafios”, dividido em Parte 1 e Parte 2, sob coordenação de Ester Feche, diretora Socioambiental e Cultural da AESabesp. A iniciativa compõe a programação do 36º Encontro Técnico AESabesp e Fenasan 2025.
O foco da mesa-redonda “Reúso Urbano e Circularidade nos sistemas de Água e Saneamento: Referências comparativas e desafios – Parte 2”, realizada dia 22 de outubro, foi a implementação do reúso de água pelas operadoras de saneamento e o papel da academia no processo, destacando abordagens sobre implementação, tecnologia e a perspectiva internacional com participação de Tadeu Fabricio Malheiros, professor da FSP – Faculdade de Saúde Pública /IEA – Instituto de Estudos Avançados/Universidade de São Paulo – USP, como coordenador e moderador; e os palestrantes Marcel Sanches, superintendente de Engenharia e Planejamento da Sabesp; Giuliana Talamini, gestora de Sustentabilidade e Especialista em Saneamento Ambiental da Conferência Internacional de Resíduos Sólidos e Saneamento; e Francis Lajara De Los Reyes I, acadêmico da North Carolina State University – NCSU.
O especialista Tadeu Malheiros explicou que, enquanto o primeiro painel se concentrou na perspectiva da regulação, mostrando como se criam as normas e dá a governança para implementação de ações mais voltadas para reúso, o segundo painel trouxe a visão prática. “Este painel destacou duas operadoras de saneamento mostrando como elas estão implementando ações ligadas ao reúso, os desafios que elas enfrentam para fazer esse processo, mas também as vantagens e resultados positivos conquistados”, contou.


Complementando o debate, Malheiros informou que a terceira palestra contou com a participação de um especialista da Universidade Estadual da Carolina do Norte (NCSU), parceira da USP. “O pesquisador apresentou um pouco a perspectiva internacional no contexto dos Estados Unidos e trouxe um pouco essa questão do papel da Universidade no desenvolvimento de inovações”, apontou.
Segundo Malheiros, a academia é fundamental para “ajudar nesse processo de transição de um sistema mais intensivo em água para um sistema mais intenso em reúso de água. Para isso, é preciso ter gente preparada e precisa de tecnologia, é nesse aspecto que o papel da universidade colabora nesse processo”, observou.
O professor demonstrou grande expectativa em relação ao fomento da discussão e à ampliação do uso do reúso no Brasil. Ele citou exemplos práticos que foram apresentados pelas operadoras: “alinhado com a primeira mesa, nesta segunda mesa pudemos ver uma das empresas, que é a GS Inima, com vários projetos de reúso, principalmente ainda com grandes usuários e empresas”, informou.
Em relação à Sabesp, ele observou o contexto da desestatização: “A Sabesp está no processo de privatização, que trouxe uma série de metas que eles vão ter que cumprir. Eles têm um histórico importante já de muitos anos de atuação, então a Sabesp é pioneira e mostrou como estão conduzindo essas novas metas, inclusive não só da universalização, mas também da parte de reúso, sob a perspectiva da companhia”, explicou.
A experiência internacional serve de referência. Malheiros mencionou a situação nos Estados Unidos, onde já se vê bastantes experiências de reúso da água tratada que voltam para a cidade utilizá-la em fins menos potáveis. “Já é uma cultura já bastante implementada em várias regiões lá”, destacou. O especialista expressou o desejo de ver essa prática mais presente no Brasil, apesar da muita resistência quanto à água de reúso, por conta do desconhecimento sobre suas vantagens e benefícios.


Ele ressaltou, no entanto, que o avanço exige mais do que apenas regulação: “precisa de investimento e precisa de capacitação. Ao mesmo tempo que eu regulo, eu preciso dar condições de que se tenha a capacidade de implementação. É essa provocação que trouxemos para essa segunda parte da mesa”.
Para Malheiros, este espaço dentro da Fenasan é inovador porque a Universidade estabelece diálogo com parcerias da área de Saneamento. “Essas demandas possibilitam novas pesquisas em produtos que tragam usabilidade para o segmento”, ressaltou.
No encerramento da segunda parte da mesa, Giuliana Talamini, gerente de projetos e sustentabilidade na GS Inima Brasil, expressou sua satisfação em participar desta iniciativa. “Estou muito feliz por participar desse encontro. E também por apresentar soluções de reúso e nossos cases de sustentabilidade. Esperamos que essas soluções sejam implementadas e avancem no País”, afirmou.
A primeira parte, também realizada neste dia 22 de outubro, contou com moderação de Cristiano Kenji Iwai, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), e a participação de Eduardo Mazzolenis, da Diretoria de Controle e Licenciamento Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb); Juliana Collaço, da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp); e Eduardo Leo, da Agência de Bacias PCJ – dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Os debates se concentraram na visão institucional e regulatória sobre a circularidade hídrica, fundamental no atual cenário de escassez. Leia mais aqui.
